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::::c::::a::::o::::s::::m::::o::::s:::: Caô Press

31.12.03

O dia em que o cliente fingiu

Ontem fui ao puteiro. Em quarenta e dois anos, foi minha segunda visita a um puteiro e a terceira vez que fiz um programa. Lembro-me de cada uma delas. É claro que não estou contando aquela senhora que me chupou no banheiro de um hotel na Lapa, há muito, muito tempo atrás. Ela me chamou e me chupou porque quis. Apresentasse a conta antes do fato consumado.

Ao ser inquirido pelo leão-de-chácara, fiz questão de levantar a camisa. "Minhas armas são outras", pensei. "Não gosto de armas", disse.

Luz negra, mulheres seminuas, cerveja. A decoração vagamente natalina emprestava ao ambiente uma nota cômica e surreal. Samantha recostou-se a uns dois metros de mim e de dentro da penumbra olhou-me com olhos curiosos e brilhantes. Chamei-a para perto. Ela era bonita, cheirosa e tinha cor de jambo. Perguntou-me se eu estava triste. Sua carne era firme.

Subimos. Beijamo-nos na boca, suavemente. Eu estava surpreso e deliciado. Em programas desse gênero não existe a instrução "beijo na boca". Continuamos a nos beijar enquanto eu experimentava a dureza de seus mamilos; depois acariciei seu lábios carnudos com o polegar esquerdo enquanto afagava os outros com a mão direita, e seguiu-se o ritual mais ou menos canônico da putaria.

Enfim, tendo brincado e suado um bocado, resolvi que era hora de fingir um orgasmo, amarrar a camisinha e tomar meu rumo. Dei um beijo na face de Samantha e saí pelas ruas sorridente.



26.12.03

Sexta-feira ou os limbos do Pacífico



Delicioso esse conceito de família unipessoal usado pelo IBGE. Ele dá a entender que cada indivíduo que mora sozinho carrega para sua ilha deserta a estrutura da família. Ele é sua própria família. Ele é a família de um só.

Ou então ele se sente membro de uma família virtual cujos lugares estão vazios. E como a estrutura não está preenchida, somos tentados a pensar que quem vive sozinho vive necessariamente na falta, na falta do outro ou de um outro.

As famílias cresce (sic)? Sei não. Mas continuam prosperando os falsos problemas, as armadilhas e as ficções.

Ou criação, ou falta. O resto é falso problema.



24.12.03

Muito além do dia vinte e oito (ou vinte e nove)

O tempo é na verdade o do retorno.
Pensa como se agora fôssemos argila
E estivéssemos sós e mudos, lado a lado.
Por um momento (se viessem chuvas)
Talvez se misturasse o meu corpo com o teu
E um gosto de terra úmida aproximasse

Brandamente
As nossas bocas.

Que seja assim lembrada a tua ausência:
Como se nunca tivéssemos nascido
Sangue e nervos. Como se nunca tivéssemos
Conhecido a verdade e a beleza do amor.
Pensa como seria se não fôssemos.
E não houvesse o pranto, o ódio o desencontro.
O tempo é na verdade o do retorno.
Se não for amanhã, será um dia.
O céu azul e limpo, o mar tranqüilo
Pássaros e peixes, pássaros e peixes

Mais nada.



Hilda Hilst. Pinçado (carinhosamente) daqui.



22.12.03

Parole (e um pequeno recesso)

C'est un ailleurs
C'est une chambre avec vue
C'est un ailleurs
Un lien où j'ai vécu
Quelques bonheurs
Passés inaperçus
Quelques douceurs
Avec une inconnue
Que j'ai connu...

C'est le grand air
C'est une chambre avec vue
C'est le grand air
Juste au coin de la rue
Une vie entière
De la fin au début
Douce et amère
L'ai-je vraiment vécue
Je ne sais plus
Je ne sais plus...


(Chambre avec vue - Henri Salvador)

Aos caôzeiros, um bom fim de ano!



20.12.03

"Amo as luzes da noite na velocidade calma do automóvel.
As luzes da cidade fria de dezembro.
Amo essa cidade em que posso usar jaqueta em dezembro.
Amo a liberdade. Essa tranqüilidade.
Essa dor que se dilui na solidão.
Que se dilui no respirar.
Em respirar em silêncio, compartilhar o momento da existência.
Em não pensar.
Em sentir essa vontade de amor, livre, solta.
De saber que essa vontade não morre nunca.
Que se renova.
Desse abandono.
Dessa loucura que me faz amar a vida mais que tudo.
Que me faz amar as luzes da noite porque elas estão ali.
Amar a existência.
Não, fantasmas, vocês não sabem como eu amo viver.
Eu amo a vida mais que a mim mesmo.
E antes que digam, fantasmas, que isso é loucura,
eu respondo, é e não é.
Pois louco para mim não é quem não tem porque viver.
Louco é quem não tem porque morrer.
Eu amo a vida.
E por esse amor, por essa loucura, eu morro feliz. (...)"
Juliano Beyle




Pequena Fábula sobre a História do Mundo

Era uma vez o mundo, repleto de corpos entrando uns nos outros. Orgia, canibalismo, penetrações, incorporações. Afora os gritos, os gemidos e os cantos, o mundo era feito de silêncio. E o silêncio era profundo como um corpo.

Certo dia, o corpo, cansado de tanto silêncio, quis vencer o nada de sentido que encerrava. E o corpo se fez verbo, e dizendo o que ao corpo sobrevinha, o verbo venceu o nada.

Mas o verbo traiu o acontecimento e inventou de inventar mundos cheios de sentido.

Desde então, o corpo esqueceu que cada verbo é uma vitória sobre o nada, e aconchegou-se nos mundos cheios de sentido. E desde então o verbo tornou-se apenas o espelho de mundos cheios de sentido. Aqui teve início a história do mundo.

E até hoje o corpo espera pelo verbo que liberta o corpo dos mundos cheios de sentido sem mergulhar de vez o corpo no silêncio.



19.12.03

Obviamente, um processo de demolição

Depois de levar um direto de esquerda do BlogOut (a perda de todos os preciosos comentários de caô press feitos a partir de dez de outubro), levei um upper de direita do Kit.Net, que irá fechar as portas para não assinantes da Globo.com no dia 31 de janeiro. O curioso é que a matéria acima afirma haver um lado bom nisso: a expulsão dos golpistas daquele serviço de hospedagem. Como se pagar R$ 14,90 por mês fosse um grande problema para golpistas, que supostamente não estão no ramo por razões filantrópicas. Como se expulsar golpistas não fosse uma prerrogativa de qualquer serviço de hospedagem, pago ou não. Para mim, esse argumento não faz o menor sentido. E dizer para mim é ainda um supremo gesto de delicadeza.

Com isso, a nova Biblioteca Digital Caosmos e a Licença Pública Cultural terão que se mudar em definitivo para caosmos. Além disso, algumas imagens deste blog poderão desaparecer por algum tempo, pois será preciso não apenas arrumar um novo endereço para elas, mas também atualizar todas as notas, uma a uma, em que elas aparecem. Trabalhão, e dos chatos.

Mas não é só isso! Mário Zambonin acaba de partir (sem laptop) para uma longa e perigosa viagem (fui ao aeroporto despedir-me hoje de manhã), e eu tenho que terminar minha tese. Só resta torcer para que a Helen mantenha viva a chama do caô, mas isso depende exclusivamente dela.

Fitzgerald tinha razão: Obviamente, a vida é um processo de demolição. Só que eu sou muito teimoso, e não pretendo me entregar tão facilmente. Há um certo charme naqueles que passam a vida se lamentando, mas não é isso que eu quero para mim. Dispenso instintos maternais ou paternais. Darei um jeito para me livrar sozinho disto que me impede de respirar, seja lá o que for - a serpente negra de Zaratustra ou o singelo morango de Fearless.

Não dá para viver achando que a vida é simplesmente bela. Pois ela é maravilhosa, ainda e sobretudo no momento em que o avião está para se espatifar.

A vida é um processo de demolição? Pois que venha a demolição. Vou sentá-la nos meus joelhos e iremos gargalhar até o fim, celebrando cada segundo de alegria e de criação como uma vitória sobre o nada.



18.12.03

Anotação à margem de um livro de receitas do século XIX

Um homem capaz de prometer só faz promessas nas quais sua vontade está envolvida à enésima potência (até as últimas conseqüências). Apenas ele está definitivamente acima e além da culpa.

Prometa o que quiser, a quem quiser, quando quiser, mas seja em primeiro lugar daqueles que podem prometer. Ou então não prometa nada. Mas elimine da sua vida tudo o que é meio-termo, meia-vontade, meia-promessa.



17.12.03

O povo contra Larry Flint (1996)

Como todos sabem, esse extraordinário filme de Milos Forman é um libelo pela liberdade de expressão, e conta a história de Larry Flint, fundador da (mais do que sacana) revista Hustler. Woody Harrelson está impagável como Flint, e Edward Norton impecável como o advogado Alan Isaacman. Mas quem rouba todas as cenas é mesmo Courtney Love, no papel de Althea Leasure, a stripper que se tornou mulher de Flint. O amor livre (e leal) entre ambos é comovente ao extremo.

Hoje, em plena era Bush, esse filme está mais atual do que nunca. E é bastante curioso (para não dizer significativo) que uma das imagens mostradas durante o discurso de Flint seja justamente a que foi usada na capa do disco Amorica, da banda Black Crowes, que havia sido censurada nos Estados Unidos por causa de uns míseros pentelhos.



NOTA: A capa do disco Amorica foi censurada na época (ou um pouco depois) de seu lançamento (1994), e não recentemente, como eu havia dito antes. Valeu pela correção, Helen!



15.12.03

Esqueçam (por enquanto) o sistema de comentários BlogOut

Ao invés dele, usem o sistema de comentários do Blogger para bedelhar. Todos os comentários do BlogOut foram perdidos. Todos.

Que fique bem claro que a confusão aconteceu lá no servidor do BlogOut, e não aqui. Como se trata de um problema de indexação (e não de perda física dos dados), ainda existe uma remota chance de recuperação. Se bem que eu acho mais provável encontrar Papai Noel em pessoa voando com suas renas e duendes rumo à Terra da Fantasia.

* * *

Filmes que quero rever urgentemente: Nostalgia, de Tarkovski. Sangue sobre a neve (The Savage Innocent), de Nicholas Ray. Viver, de Kurosawa. A felicidade não se compra (It's a Wonderful Life), de Frank Capra. O Sol é Para Todos (To Kill A Mockingbird), de Robert Mulligan. Sangue do meu Sangue (House of Strangers), de Mankiewicz.

Anotações para futuros textos

Sobre a imagem da cultura em My Fair Lady.



14.12.03

The Cheshire Cat



“I wish you wouldn’t keep appearing and vanishing so suddenly; you make one quite giddy!”

“All right,” said the Cat; and this time it vanished quite slowly, beginning with the end of the tail, and ending with the grin, which remained some time after the rest of it had gone.

“Well! I’ve often seen a cat without a grin,” thought Alice; “but a grin without a cat! It’s the most curious thing I ever saw in all my life!”




8.12.03

Tramas e traços

Marianna Kutassy acaba de enviar-me (para publicação neste espaço) um breve relato sobre a vida compartilhada por seu avô João Augusto Gerlinger (Nuremberg, 1902 - São Paulo, 1957) e sua avó Marie Sophie. Esse relato comovente fala por si, e carece de maiores introduções. Em breve o leitor desta página terá a oportunidade de conhecer dois magníficos retratos realizados por Gerlinger; e tão logo eu termine o trabalho que estou escrevendo, esses textos e imagens serão reunidos e publicados numa página em caosmos especialmente dedicada a esse grande artista.



Ouço ainda as palavras proferidas, em meio tom, pelo crítico perspicaz enquanto manuseava pausadamente algumas poucas obras de Gerlinger, meses atrás: "O papel é de ótima qualidade! E creio que ele o sabia. Apesar dos anos, o papel está em bom estado de conservação".

* * *

As semanas e os anos estendiam-se entre promessas de dias e esperas de longas noites em Santa Teresa, Rio de Janeiro. Ainda lá está erguida a casa que o imigrante alemão João Augusto Gerlinger, sua mulher e filha dividiam com outras pessoas ou famílias. Cômodos de paredes que nem bem alcançavam o teto. Conversas à meia-luz. Confidências engasgadas, contidas, vazantes; palavras que atravessaram paredes. Tempos de guerra na Europa. Era Vargas no Brasil.

Gerlinger sentia-se impelido a se embrenhar nas matas nos dias em que pudesse fugir da rotina. Precisava respirar horizontes infinitamente mais abertos e amplos. Um pouco de ar... Levava a tiracolo seus papéis, alguns pincéis, crayon, canetas, aquarela, carvão... e naquelas horas, longe das responsabilidades e afazeres rotineiros, o seu sensível olhar buscava se mesclar apaixonadamente aos relevos sinuosos e matizes verdejantes que o espetáculo da natureza desta terra tropical propiciava e se lhe oferecia.

Marie Sophie, a mulher, o acompanhava - a mulher que ousara casar-se com um homem mais jovem! Pagaram, ambos, um preço! Altiva. Guerreira. Conhecera os horrores, o sofrimento do corpo e a dor de muito perto. Fora enfermeira da Cruz Vermelha nos idos da 1ª Guerra Mundial. E também ela transportava a sua pequena bagagem quando juntos saíam nos finais de semana. Pequenos tecidos de cortes de vestidos infantis, meadas de linhas em cores desfiadas, algumas agulhas espetadas em papel dobrado. E lá se iam os dois... lado a lado. Itatiaia. Ou Petrópolis. Ou Teresópolis. E novamente, Itatiaia.

Ela sentava-se em silêncio, abrigada à sombra, ao lado de João Augusto. Ele, diante do papel branco, esboçava e pintava as paisagens que seus olhos de artista apreendiam, embevecidos, quando não atraído, e não raras vezes, por minúsculos e pequeninos detalhes que aos nossos olhos não observadores facilmente escapariam: uma pequena folha... um retorcido e velho galho, ou justo, dentre tantas, elegia deter-se minuciosamente naquela árvore. Capturava a atmosfera do dia e em traços firmes delineava cores em linhas, e a plasmava, de pouco a pouco. Datava, apenas.

Diante das tramas de brancos tecidos, bordava ela. Eram momentos em que se amenizavam os infernos. E certamente os havia. Ponto a ponto iam surgindo através das suas hábeis mãos as pequenas "casinhas de abelha" no peitoril de vestidos infantis que depois armava e cosia, pois eram de boa aceitação entre as senhoras da fina sociedade de então. Eram tempos difíceis. Tempos de compartilhar o pão e as poucas batatas. As minguadas e as escassas entradas. Mas também era tempo de cumplicidade, de fiel e dedicado companheirismo - tempo de d(o)ar suporte. O papel e o crayon para João Augusto? Marie Sophie o intuía em seu coração - precisava ser o melhor, e o melhor era o importado. Custasse o que custasse. Para isso é que bordava e cosia. Ambíguo e duplo suporte. Doce e generoso aporte.

Talvez se debruçassem sobre a vida junto à beira das planícies de infinitos verdes que se estendiam qual um tapete a seus pés, enquanto ele pintava e ela bordava. Não o sei. Quiçá tecessem sonhos, amalgamando seus destinos comuns com as mãos em movimentos contínuos, urdindo com papel e tecido, entre agulhas e crayons, as tramas e traços de duas vidas, em meio a um silencioso amor.



Marianna Kutassy





5.12.03

O Brasil não conhece o Brasil

Hoje fiz uma pesquisa no Google com o nome João Augusto Gerlinger, e não encontrei absolutamente nada. E como vocês sabem, se não está no Google... não está na Internet.

João Augusto Gerlinger (Nuremberg, 1902 - São Paulo, 1957) não foi apenas o introdutor do clips de papel no Brasil. Ele foi também um grande artista, e ontem tive a oportunidade de conhecer uma pequena (mas significativa) parte de sua obra. Excelente paisagista, Gerlinger também desenhava nus e naturezas mortas, e se excedia aos desenhar rostos, cuja expressividade não deixa nenhuma dúvida quanto ao seu talento. Estou (muito) longe de ser um crítico de arte, mas não sou insensível a ponto de não notar que as texturas e os matizes nos trabalhos de Gerlinger revelam uma busca incansável pela perfeição.

Minha querida amiga Marianna Kutassy, neta de Gerlinger, está investindo na digitalização profissional da obra de seu avô. Espero que o resultado desse trabalho seja publicado o quanto antes. Enquanto isso não acontece, mostraremos aqui (nesta e em futuras notas) um pouquinho de um Brasil que o Brasil ainda não conhece.


João Augusto Gerlinger - Angra dos Reis - 1940 (?)




4.12.03

Anyway (Genesis - The lamb lies down on Broadway - 1974)

He panics, feels around for a stone and hurls it at the brightest point. The sound of breaking glass echoes around the cave. As his vision is restored he catches sight of two golden gloves about one foot in diameter hovering away down the tunnel. When they disappear a resounding crack sears across the roof, and it collapses all around him. Our hero is trapped once again.

"This is it" he thinks, failing to move any of the fallen rocks.


All the pumping's nearly over for my sweet heart,
This is the one for me,
Time to meet the chef,
O boy! running man is out of death.
Feel cold and old, it's getting hard to catch my breath.
's back to ash, 'now, you've had your flash boy'
The rocks, in time, compress
your blood to oil,
your flesh to coal,
enrich the soil,
not everybody's goal.

Anyway, they say she comes on a pale horse,
But I'm sure I hear a train.
O boy! I don't even feel no pain -
I guess I must be driving myself insane.
Damn it all! does earth plug a hole in heaven,
Or heaven plug a hole in earth - 'how wonderful to be so profound,
when everything you are is dying underground.'


There's not much spectacle for an underground creole as he walks through the gates of Sheol. "I would have preferred to have been jettisoned into a thousand pieces in space, or filled with helium and floated above a mausoleum. This is no way to pay my last subterranean homesick dues. Anyway I'm out of the hands of any pervert embalmer doing his interpretation of what I should look like, stuffing his cotton wool in my cheeks."


I feel the pull on the rope, let me off at the rainbow.
I could have been exploding in space
Different orbits for my bones
Not me, just quietly buried in stones,
Keep the deadline open with my maker!
See me stretch; for God's elastic acre
The doorbell rings and its
"Good morning, Rael
So sorry you had to wait.
It won't be long, yeah!
She's very rarely late."







As musas de caô press: the last one

Dezembro: Emmanuelle Béart







I keep going round and round on the same old circuit
A wire travels underground to a vacant lot
Where something I can't see interrupts the current
And shrinks the picture down to a tiny dot
And from behind the screen it can look so perfect
But it's not

So here I'm sitting in my car at the same old stoplight
I keep waiting for a change but I don't know what
So red turns into green turning into yellow
But I'm just frozen here on the same old spot
And all I have to do is to press the pedal
But I'm not
No, I'm not

People are tricky, you can't afford to show
Anything risky anything they don't know
The moment you try, well kiss it goodbye

So baby kiss me like a drug like a respirator
And let me fall into the dream of the astronaut
Where I get lost in space that goes on forever
And you make all the rest just an afterthought
And I believe it's you who could make it better
Though it's not
No, it's not
No, it's not


It's not - Aimee Mann



3.12.03

Esqueçam tudo o que eu disse...

...na última nota.

Continuo não esperando mais nada, bem entendido. Aliás, agora eu espero ainda menos do que antes. Está lançado (apenas para meu uso particular) o programa "esperança zero". Tudo bem, reconheço que há uma certa falta de lógica nesse raciocínio: se antes eu já não esperava nada - e agora eu espero ainda menos do que antes - então o nome do programa deveria ser "esperança abaixo de zero". Que seja. Nesse caso a lógica (ou a falta dela) não faz a mínima diferença.

Aos quarenta e dois anos e três meses de vida, ainda estou longe de perder a plasticidade. Quando eu perdê-la - e apenas então - será tempo de morrer. E eu o farei com muito gosto.

Se eu contasse aqui o tanto de coisas que não me mataram, vocês não acreditariam. Santa plasticidade.

Tempo de viver e de criar.



2.12.03

Meu projeto de vida

Escrever minha tese, um romance e - morrer.

Plano B: Escrever minha tese e morrer.

Houve um tempo em que sonhei em fazer bem mais do que isso, mas... o sonho acabou. Agora tudo o que eu quero é sair da vida o mais rápido possível.

Não me perguntem o que aconteceu. Isso é o de menos. Não dá para explicar esse meu desejo somente por uns tantos fatos recentes. O prêmio é pelo conjunto da obra.

Obviamente, alguém que amou a vida tanto quanto eu não irá abandoná-la assim, sem deixar nada em retribuição. Esse é o fio que me ata. E enquanto me agarro a esse fio, quem sabe, coisas podem acontecer. Não duvido, mas... também já não espero mais nada.

Aliás, espero sim: espero que os meus amigos (e a minha filha) me perdoem por este desabafo.



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