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10.3.04
Advogado pede proibição de "A Paixão de Cristo" no Brasil
Ainda hoje eu não consegui assistir (decentemente) a Je vous salue Marie, de Jean-Luc Godard, e essa lamentável lacuna na minha formação se deve à ação da censura orquestrada pelas piores forças reacionárias daquela época (década de oitenta). Pois bem. Um advogado paulista (cujo nome não merece ser citado aqui) entrou ontem com um requerimento no Ministério da Justiça pedindo a proibição (ou a exibição apenas para maiores de 18 anos) do mais recente filme do tolo e pretensioso Mel Gibson. Segundo a matéria publicada por Thiago Ney na Folha Online, o advogado em questão (que assistiu ao filme numa cópia pirata em DVD, comprada, segundo ele, na rua Augusta) afirma que o filme "é uma apologia (sic) e uma distorção histórica capaz de conduzir à discriminação anti-semita". Eu não pretendo assistir a esse filme; Mel Gibson é muito medíocre para o meu gosto (pudera, com um pai daqueles), e além do mais a vida de Spinoza me interessa bem mais do que a de Cristo. Prefiro, ao invés disso, assistir (pela terceira vez) ao fabuloso Dogville, ou a outro filme qualquer. E é claro que, a princípio, concordo com a exibição de "A Paixão de Cristo" apenas para maiores de 18 anos, já que (pelo que dizem) o tal filme, além de equivocado, é de uma violência extrema. Mas me dá graça pensar que um doutorzinho se arrogue o direito, não apenas de ditar por conta própria decisões que cabem aos órgãos competentes (classificação por faixa etária), mas ainda de me dizer ao que eu posso assistir ou não. É uma piada, e de muito mau gosto. Last but not least, os colaboradores deste blogue têm todos a mesma posição: somos plenamente a favor do P2P, mas contra a pirataria em escala industrial. Na minha casa não há um único CD ou DVD pirata. Muito bem: jamais pensei que pudesse desejar coisa semelhante, mas o fato é que estou torcendo para que a indústria cinematográfica processe o tal advogado (que é réu confesso) por violação de direitos autorais e por contribuir para o êxito da indústria da pirataria. Ele merece. P.S. (4:45) - Ao checar o atalho desta nota, percebi que a notícia na Folha Online foi atualizada. O advogado paulista em questão também é psicólogo. Talvez isso explique o seu afã em proteger as nossas consciências de influências nefastas com as quais nós, pobrezinhos, não saberíamos lidar. |