::::c::::a::::o::::s::::m::::o::::s:::: Caô Press |
11.6.04
Hit the road, Jack
Como diz Samuel Butler, como podemos dizer que Händel morreu se ele continua atraindo milhares de pessoas às salas de concertos? Portanto, é totalmente falsa a notícia do jornal (mas quem ainda acredita em jornais, não é mesmo?). Ray Charles não morreu coisíssima nenhuma. Apurem os ouvidos e - ouçam. Porém o que haveria de mais óbvio do que transcrever aqui uma música de Ray Charles em sua homenagem? Não. Vamos fazer uma homenagem diferente. Vamos de Cartola, outro que só morrerá - ou melhor, só será esquecido - quando o gênero humano desaparecer e já não houver ninguém para cantar a história. É uma canção de despedida, de definitiva despedida. Ficam Butler, Cartola, Ray Charles, vão-se os maus. Pois hoje (ontem), durante um pôr-do-sol nas areias de Ipanema, finalmente descobri (de maneira sublime) que já vão tarde, tarde até demais. E o melhor de tudo: já não sinto nenhuma pena. Tese e amor. Nada mais. Ainda é cedo amor Mal começaste a conhecer a vida Já anuncias a hora da partida Sem saber mesmo o rumo que irás tomar Preste atenção querida Embora saiba que estás resolvida Em cada esquina cai um pouco a tua vida Em pouco tempo não serás mais o que és Ouça-me bem amor Preste atenção, o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos Vai reduzir as ilusões a pó Preste atenção querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás à beira do abismo Abismo que cavastes com teus pés |