online
::::c::::a::::o::::s::::m::::o::::s:::: Caô Press

14.6.04

"A única medida do amor, diz Santo Agostinho, é amar sem medida; melhor ainda, a própria ausência de medida é que é a medida... A desmedida não poderia, então, ser o objeto de uma interdição quando se trata do amor. E é por isso que a fobia de um amor "imoderado" já implica uma restrição injuriosa, uma mesquinhez irrisória, uma espécie de sordidez merceeira. (...) As palavras fadiga, excesso, exagero não têm mais lugar aqui; o amor as abandona à timidez pequeno-burguesa; ele não tem medo de passar da medida nem de transpor um limite; o limite recua à medida de seu impulso. O impetus amoroso nada quer saber do regulador que, na ocasião, compensaria os transbordamentos; sua única lei é o cada-vez-mais, que se exalta e embriaga de si mesmo, como um furor sagrado: sua única lei é o crescendo frenético e o acelerando, e o precipitando que vai até a vertigem e arrisca finalmente fazer tudo explodir."

Vladimir Jankélévitch - O Paradoxo da Moral, tradução de Helena Esser dos Reis, São Paulo, Papirus, 1991 (1981), pp. 75-76.



Site Meter