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::::c::::a::::o::::s::::m::::o::::s:::: Caô Press

29.9.04

Erland Josephson em Nostalgia

Caô Press acaba de ser congelado. Não, não é caô. Esta é a última nota. Viva a criogenia virtual. Viva os insetos no âmbar.

É bom esclarecer que não estou partindo para um exílio virtual. Este blogue é que foi, de certa maneira, um exílio, corolário da minha vida. Ao contrário: estou voltando pra casa.

Minha casa (nossa casa), claro, tem um endereço, e até um nome: triagem. 1 + 1 + 1 = 1.

Meu trabalho (é maravilhoso quando se descobre que uma tese não é um fim, mas um começo) também terá nome e endereço: in vertigo veritas.

E, é claro, não se pode viver sem fazer um pouco de bagunça. Para isso, vou montar - talvez ano que vem - um ateliê: o ponto cinza de paul. Lá vou colocar o caos (e os caôs) que não "couberem" nos dois blogues anteriores.

Abaixo, uma homenagem ao meu irmão mais velho. Ele não poderá lê-la, mas vocês sim. Abraço forte.


José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?



Carlos Drummond de Andrade (1942)
IN Poesia Completa, Rio, Nova Aguilar, 2002, p. 106.




28.9.04


Caô de Andrei Tarkovski em O Sacrifício



Último desejo (nota fúnebre - versão final)

Quando eu morrer, façam do meu corpo o que quiserem: queimem, enterrem, entreguem aos peixes ou aos urubus - não sem antes, claro, aproveitar dele o que puder ser aproveitado.

Só faço questão de uma coisa: que haja velório (pouco importa o local) e que nele se toque um CD que estou preparando. Nada de padres, monges, pastores ou rabinos, a não ser que se disponham a ficar quietos. Leituras de textos outros - de poesia a notícias das páginas de esportes - serão bem-vindas.


Vocês pensam que é fácil produzir a trilha sonora do próprio velório? Não é não. E não se trata apenas da óbvia impossibilidade de colocar tudo o que se ama em um CD de áudio com pouco mais de uma hora de duração.

Em primeiro lugar, seria muito fácil (extremamente fácil) transformar a coisa toda num lastimável espetáculo de mau gosto. A meu ver, três seriam os maiores perigos: introduzir na seleção músicas de caráter fúnebre, grandiloqüente ou sentimental.

Nada de réquiens ou marchas fúnebres, portanto; até mesmo o sinistro (e genial) terceiro movimento do Concerto para cordas, percussão e celesta, de Bártok, soaria deslocado. Mas se é assim... por que consta da seleção a versão eletrônica de Walter Carlos para o Funeral da Rainha Maria, de Purcell? Afinal, quem me conhece sabe que não tenho veleidades de rei - e muito menos de rainha. Só que essa música é na verdade uma singela homenagem à minha própria coleção de mortos. Ah, bom.

Nada de introduzir, por outro lado, algumas das grandiloqüências das quais eu admito (sem maiores problemas) gostar muito: por exemplo, The endless enigma, de Emerson, Lake & Palmer ("you never spoke a word of truth..."), ou mesmo The gates of delirium, do Yes. Isso para não mencionar a quinta, a Tocata e Fuga em Ré menor ou a primeira bachiana, é claro.

Se bem que esse negócio de Yes é mesmo intriga da oposição. Minhas bandas preferidas de rock progressivo sempre foram Pink Floyd (até The Final Cut) e Genesis (até The Lamb Lies Down on Broadway). Ou seja, até a saída, respectivamente, de Roger Waters e Peter Gabriel.

Mas não haveria maior perigo do que introduzir na seleção uma música que se pudesse qualificar de sentimental. Por isso fui forçado a eliminar a belíssima Izlel e Delio Haidutin - que além do mais é cantada em búlgaro, sendo bastante óbvio que eu não faço a mínima idéia do que se diz na letra. Também por isso tive que desistir de A certain kind, do Soft Machine, de Sour Times, do Portishead, de Bold as Love, de Hendrix, e de uma infinidade de outras canções que adoro. Mesmo a minha versão predileta de Django, do Modern Jazz Quartet, pareceu-me inapropriada. Mais valeria introduzir uma música algo sacana, ou seja, em tom de paródia, como La Valse, de Ravel, ou Lonely Woman, de Ornette Coleman. Ou algo de Satie. Ou, ou, ou.

Evidentemente, os limites daquilo que se pode qualificar de sentimental são bastante subjetivos. Starless poderia, por exemplo, cair nessa categoria. Poderia. Mas ela está longe de esgotar-se em sua bela (e soturna) melodia, que aliás não é triste, mas algo melancólica. Para além da linha melódica, no entanto, há a obsessiva guitarra de Fripp, há o solo de sax soprano, a percussão violenta: enfim, para além do lamento, essa música exprime angústia e caos, e isso muda tudo. Sou capaz de escutá-la dez, vinte vezes seguidas sem a mínima sombra de fastio. Por outro lado, o Concierto para quinteto tem passagens francamente sentimentais, mas que importa isso se ela tem acentos francamente brejeiros e termina numa explosão de vida e de afirmação da vida?

Por fim... pode-se estranhar que eu não tenha incluído em minha seleção nenhuma música brasileira. Pô, nem umazinha? Não, nem "umazinha". Lamento muito. Mas também não há uma única música da rica tradição do jazz e do blues, nenhuma música erudita e assim por diante. Ei, são só dez músicas. O que vocês queriam? Se eu fosse um gato, faria sete discos e tudo estaria (mais ou menos) resolvido. Mas eu não sou, e além disso não tenho casa na Itália. Então já está bom demais. ;-)

Ah, claro, os detalhes técnicos. Todas as músicas que não estavam normalizadas em -16 dB RMS (ou algo muito próximo disso) ganharam o devido ajuste, e os bons e velhos Fade In e Fade Out foram aplicados quando necessário. Até aí, nada de mais. Mas se há um toque pessoal nessa coletânea, trata-se de Pow R. Toc H., de cujo trecho final (que eu sempre achei um tantinho chato) suprimi sete segundos. Nada de "fades", foi corte bruto mesmo, bem no meio do referido trecho. Modéstia à parte, é impossível notar a gambiarra.

A propósito: esta nota já estava pronta há meses. Como amanhã caô press será congelado, era hoje ou nunca. Não haverá lugar para esse tipo de bobagem nos próximos blogues. Eu prometo. :-/

Vejo vocês (não, não vejo, hehe, não se preocupem) no meu velório.

01 - Ravi Shankar - Seven and 10 1/2 (do disco Tana Mana)
02 - Genesis - Fly on a Windshield + Broadway Melody of 1974
03 - Walter Carlos - Title Music from 'A Clockwork Orange' (Purcell)
04 - Pink Floyd - Pow R. Toc H. (do disco The Piper at the Gates of Dawn - RIPPED VERSION)
05 - Led Zeppelin - Friends (do disco Led Zeppelin III)
06 - Frank Zappa - Filthy Habits (do disco Sleep Dirt)
07 - Ravi Shankar & Philip Glass - Meetings Along the Edge (do disco Passages)
08 - Pink Floyd - A Saucerful of Secrets (versão em estúdio, do disco homônimo)
09 - King Crimson - Starless (do disco Red)
10 - Astor Piazzolla - Concierto para quinteto (do disco Hora Zero)



25.9.04



Esquema labiríntico (simplificado) que ilustra as reações químicas que convertem entre si as pequenas moléculas nas células: ALBERTS, Bruce et alli - Biología Molecular de la Célula, traduzido sob a direção de Mercè Durfort Coll e Miquel Llobera Sande, Barcelona, Ed. Omega, 1986, p. 44.



22.9.04

Nomes, muito mais que nomes

O padre Júlio Lancelotti disse há alguns dias que o que importa é cuidar dos moradores de rua, e não ficar discutindo nomenclaturas. Obviamente, o padre não faz parte do universo de três leitores de caô press, e estava se referindo, provavelmente, à coluna da Folha de São Paulo que eu citei numa nota anterior.

Eu não acho que discutir nomenclaturas seja um trabalho mais importante do que o admirável trabalho que o padre Lancelotti realiza, em São Paulo, com menores e moradores de rua. Mas me preocupa perceber que o padre desqualifica essa discussão. Não custa lembrar que, bem antes de mandar suas vítimas para as câmaras de gás e para os fornos crematórios, os nazistas já faziam todo um trabalho de propaganda no plano da linguagem, comparando-as com ratos e insetos. A meu ver - e aqui defendo não apenas a mim mas também o leitor mencionado na coluna da Folha - dar-se ao trabalho de refletir a respeito das nomenclaturas é também manifestar um cuidado com o povo de rua. Aliás, se não fosse assim, o padre Lancelotti não teria razões para rejeitar veementemente que os moradores de rua sejam chamados de mendigos. Devo presumir que apenas ele tem o direito de exercer esse cuidado?

E já que estamos retornando a esse tema, não custa mencionar aqui a tenebrosa campanha eleitoral do Sr. Marcelo Crivella à prefeitura do Rio de Janeiro. No programa de TV do candidato photoshop são mostradas algumas imagens de moradores de rua enquanto é dita a seguinte frase: "O Rio de Janeiro é muito mal administrado. Tem até gente morando e evacuando na sua porta."

Ao formular o problema desse modo, a campanha do bispo Crivella incita os telespectadores a enxergar o morador de rua tão somente como um fedorento estorvo, e não como um problema social. Trata-se de um problema de limpeza pública, nada mais. Ao invés de evacuarem em suas casas (mas eles não têm casas) ou nos milhares de banheiros públicos espalhados pela cidade (mas não há banheiros públicos na cidade), os moradores de rua insistem em fazê-lo na minha porta. Ou seja, a vítima sou eu - pobrezinho - que tenho que suportar este fedor. Mas um bom prefeito seria capaz de fazer essa limpeza. Como? Pouco importa. A partir do momento em que os moradores de rua forem percebidos, não como gente, não como um problema social, mas como um problema puramente estético-olfativo, abre-se um leque bem maior de opções para a solução do problema. Se tudo o que importa é que a merda desapareça, basta suprimir a fonte do incômodo. Tudo muito simples, rápido e eficiente.

Se eu fosse advogado já estaria processando o Sr. Crivella por incitação ao ódio contra uma minoria absolutamente indefesa. Não seria, aliás, a primeira ação do gênero. A Igreja Universal já está enfrentando um processo por incitação ao ódio no Uruguai.

ADENDO (23/09/04)

Para quem não sabia, o ataque a moradores de rua não é novidade: ver matéria publicada no Consultor Jurídico. Outra matéria interessante - sobre incitação ao ódio e estupidez humana em geral no orkut (where the elite meet) - foi publicada na Carta Maior.



18.9.04

Underwear Goes Inside The Pants - Lazyboy

Why is marijuana not legal? Why is marijuana not legal?
It's a natural plant that grows in the dirt.
Do you know what's not natural?
80 year old dudes with hard-ons.
That's not natural.
But we got pills for that.
We're dedicating all our medical resources to keeping the old guys erect, but we're putting people in jail for smoking something that grows in the dirt?
You know we have more prescription drugs now.
Every commercial that comes on TV is a prescription drug ad.
I can't watch TV for four minutes without thinking I have five serious diseases.
Like: "Do you ever wake up tired in the morning?" Oh my god I have this, write this down.
Whatever it is, I have it.
Half the time I don't even know what the commercial is... people running in fields or flying kites or swimming in the ocean.
I'm like that is the greatest disease ever.
How do you get that?
That disease comes with a hot chick and a puppy.
The schools now... It is all about self-esteem in the schools now.
Build the kids' self-esteem, make them feel good about themselves.
If everybody grows up with high self-esteem, who is going to dance in our strip clubs?
What's going to happen to our porno industry?
These women don't just grown on trees.
It takes lots of drunk dads missing dance recitals before you decide to blow a goat on the internet for fifty bucks.
And if that disappears, where does that leave me on a Friday night with my new high speed connection?


Masterminds are another word that comes up all the time.
You keep hearing about these terrorists masterminds that get killed in the middle east.
Terrorists masterminds.
Mastermind is sort of a lofty way to describe what these guys do, don't you think?
They're not masterminds.
"OK, you take bomb, right? And you put in your backpack.
And you get on bus and you blow yourself up. Alright?"
"Why do I have to blow myself up? Why can't I just..."
"Who's the fucking mastermind here? Me or you?"
Americans, let's face it: We've been a spoiled country for a long time.
Do you know what the number one health risk in America is?
Obesity.
They say we're in the middle of an obesity epidemic.
An epidemic like it is polio.
Like we'll be telling our grand kids about it one day.
The Great Obesity Epidemic of 2004.
"How'd you get through it grandpa?"
"Oh, it was horrible Johnny, there was cheesecake and pork chops everywhere."
Nobody knows why we're getting fatter?
Look at our lifestyle.
I'll sit at a drive thru.
I'll sit there behind fifteen other cars instead of getting up to make the eight foot walk to the totally empty counter.
Everything is mega meal, super sized.
Want biggie fries, super sized, want to go large.
You want to have thirty burgers for a nickel you fat mother fucker.
There's room in the back.
Take it! Want a 55 gallon drum of Coke with that?
It's only three more cents.


Sometimes you have to suffer a little bit in your youth to motivate yourself to succeed in later life.
Do you think if Bill Gates got laid in high school, do you think there'd be a Microsoft?
Of course not.
You got to spend a long time in your own locker with your underwear shoved up your ass before you start to think,
"I'm going to take of the world of computers! You'll see. I'll show them."
We're in one of the richest countries in the world, but the minimum wage is lower than it was thirty five years ago.
There are homeless people everywhere.
This homeless guy asked me for money the other day.
I was about to give it to him and then I thought he was going to use it on drugs or alcohol.
And then I thought, that's what I'm going to use it on.
Why am I judging this poor bastard.
People love to judge homeless guys.
Like if you give them money they're just going to waste it.
Well, he lives in a box, what do you want him to do?
Save it up and buy a wall unit?
Take a little run to the store for a throw rug and a CD rack?
He's homeless.
I walked behind this guy the other day.
A homeless guy asked him for money.
He looks right at the homeless guy and says why don't you go get a job you bum.
People always say that to homeless guys "get a job" like it is all that easy.
This homeless guy was wearing his underwear outside his pants.
Outside his pants.
I'm guessing his resume isn't all up to date.
I'm predicting some problems during the interview process.
I'm pretty sure even McDonalds has a "underwear goes inside the pants" policy.
Not that they enforce it very strictly, but technically I'm sure it is on the books.



gg
Greg Giraldo (*)


Você pode baixar essa música aqui. ( http://images.birdherder.com/lazyboy.mp3 )

Retirado do blogue .just.being.me., de Ariel, uma estudante norte-americana de 17 anos.

Underwear Goes Inside The Pants é uma faixa do disco Lazyboy TV. Outras informações, links e comentários no sítio birdherder.

Há um link alternativo para download dessa música aqui.
( http://www.adamriff.com/downloads/Lazyboy-Underwear_Goes_Inside_the_Pants.mp3 )

A letra acima foi modificada (em uma ou outra passagem) em função do que se pode ouvir na gravação. Eventuais bedelhos com novas correções serão bem-vindos. Existe um vídeo dessa música, mas não consegui ver (não tenho banda larga), e eu gostaria de encontrar um link para baixar o arquivo. Bedelhos com esse link serão mais do que bem-vindos. :-)

(*) Greg Giraldo é o autor da letra e faz o vocal de Underwear Goes Inside The Pants. Ele é um norte-americano de origem latina (pai colombiano e mãe espanhola). Formou-se em Direito (Harvard) e trabalhou algum tempo como advogado, mas abandonou a profissão para tornar-se comediante. Há uma entrevista com ele aqui.



17.9.04

O abecedário de Gilles Deleuze na Uerj

Acontece nos dias 21, 22 e 23 de setembro, terça, quarta e quinta-feira - de 2004 - a exibição integral do vídeo (legendado em português), dividido em três partes, L'Abécédaire pour Gilles Deleuze (1996), em que o filósofo é entrevistado por Claire Parnet (direção de Pierre-André Boutang). Participarão como palestrantes - dois ao dia, após a exibição de cada parte do vídeo - Ricardo Basbaum (UERJ), Jorge Vasconcellos (UGF) e Cláudio da Costa (UERJ), entre outros. O Evento é organizado por Jorge Luiz Cruz, professor do Instituto de Artes da UERJ, e conta com o apoio da SR2 da Universidade. O Evento também presta homenagens ao professor Cláudio Ulpiano, quando será apresentado o livro, no prelo, intitulado Gilles Deleuze: sentidos e expressões, que, além dos textos dos palestrantes do Evento, conta com texto inédito do principal divulgador da obra do filósofo francês no Brasil.

Informações no sítio: http://geocities.yahoo.com.br/ncvuerj/.

Por Jorge Vasconcellos, via email.



14.9.04

Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.


O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


Carlos Drummond de Andrade - A Rosa do Povo (1945)
IN Poesia Completa, Rio, Nova Aguilar, 2002, p. 117
(presente - de lavar a alma - da minha amiga Marianna.)




Os estóicos fazem uma distinção entre o puro Acontecimento e sua atualização num estado de coisas. É desse acontecimento encarnado num estado de coisas que Drummond está falando: pouco importa a minha dor de dentes ou o meu amor por Maria, pouco importam os sentimentos ou as idéias ou os conceitos ou as lembranças que tenho da minha dor de dentes ou do meu amor por Maria. Mas se do meu amor por Maria (e até mesmo da minha irrisória dor de dentes) eu consigo extrair aquela parte do Acontecimento que nenhuma atualização esgota, aquela parte translúcida, cristalina, que mora em parte alguma - no limbo - bingo?

Difícil demais, esse rio. Não me atrevo. Se atrevo, intruso. Antes de mais nada, banho de sal grosso no mar da prosa. Pedaços de placenta arrancados de toda parte, costurados, amalgamados, e, quem sabe, de tudo isso, os olhos fechados de um não-nascido.



13.9.04

Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó, vida futura! Nós te criaremos.


Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo (1940)
IN Poesia Completa, Rio, Nova Aguilar, 2002, p. 87
(presente - de tirar o fôlego - da minha amiga Marianna.)




10.9.04

A sobrevivência não é um bom critério

"As formas vivas são, por definição, formas viáveis. Seja lá como for que se explique a adaptação do organismo às suas condições de existência, essa adaptação é necessariamente suficiente a partir do momento que a espécie subsiste. Nesse sentido, cada uma das espécies sucessivas que a paleontologia e a zoologia descrevem foi um sucesso obtido pela vida. Mas as coisas tomam um aspecto inteiramente distinto quando se compara cada espécie ao movimento que a colocou em seu caminho, e não mais às condições em que ela se inseriu. Freqüentemente esse movimento foi desviado, freqüentemente também ele foi claramente interrompido; o que deveria ser apenas um lugar de passagem tornou-se o termo. Desse novo ponto de vista, o insucesso surge como regra, e o sucesso como excepcional e sempre imperfeito."

Henri BERGSON - L'Évolution Créatrice, IN Oeuvres, Paris, PUF, 1984 (1959), p. 605/130.



9.9.04

Mas os templos são de pedra

Deu hoje no UOL: "Filme de Padre Marcelo bancará a construção de um megatemplo".

Faz sentido. Templos atraem fiéis, e megatemplos atraem megamultidões. Usar o dinheiro para construir casas populares ou hospitais ou escolas ou centros culturais ou praças de esporte seria um tremendo desperdício. Deus seja louvado.




Morador de rua ou "pessoa em abandono"?

No dia 3 de setembro Barbara Gancia escreveu na Folha de São Paulo:

Eu já andava meio encafifada com o uso do termo politicamente correto "morador de rua" para designar mendigo quando recebi um e-mail do senhor José Vieira Rocha Jr. dizendo o seguinte: "A locução é contraditória em termos. É rua ou é moradia. Morar implica fixar-se. Rua, por definição, é caminho, é via de passagem. Ademais, rua é coisa pública, jamais disponível a ser apoderada pelo particular".
Ele diz ainda: "O uso impensado do vernáculo escancara nossa acomodação diante do fenômeno. Fugimos à reflexão e fingimos compreensão quando mascaramos a realidade". O senhor Vieira sugere que, em vez do pejorativo "mendigo" ou do equivocado "morador de rua", se passe a usar "pessoa em abandono".




Note-se, em primeiro lugar, que a colunista refere-se à expressão morador de rua como um "termo" (sic) politicamente correto "para designar mendigo". Ou seja, ao pé da letra, o morador de rua é antes de mais nada um mendigo... que nossa correção política achou por bem designar como "morador de rua". Só que a população de rua é extremamente heterogênea. Nem todo morador de rua é mendigo, e só quem morou na rua (ou quem conhece muito bem o assunto) sabe quão variadas são as maneiras de se sobreviver na rua - nem todas desonestas ou degradantes, diga-se de passagem.

A análise do Sr. José Vieira, por sua vez, é puramente verbal, e no pior sentido da palavra. Se a levássemos a sério, teríamos que abolir igualmente a (bela) expressão "cidadão do mundo", que também é uma contradição nos termos. Por outro lado, já não poderíamos ensinar às crianças que as tartarugas "moram" em seus cascos, e sobretudo já não poderíamos dizer que alguém mora num trailer. Dizer que a rua é pública e não pode ser "apoderada" por um particular até faz sentido quando se pensa em termos de propriedade, mas é uma asneira sem tamanho quando se pensa em termos de posse. Quem anda pelas ruas se "apodera" do espaço que lhe cabe, tal como quem senta num banco de praça ou dorme sob uma marquise. Enfim, lá onde o Sr. Vieira vê apenas uma oposição rígida entre passagem e fixidez, existe toda uma gradação de territorialidades moventes.

Em resumo, a expressão "morador de rua", ainda que seja uma contradição nos termos - ou por isso mesmo - possui a carga dramática necessária para comunicar (de maneira rigorosa) a situação de quem vive nas ruas. Apenas a expressão "vivente de rua" (que é obviamente impraticável) poderia substitui-la.

Mas e quanto à expressão proposta pelo Sr. Vieira, "pessoa em abandono"? Eu diria que ela não possui especificidade suficiente para caracterizar o fato de se estar vivendo na rua. Pode-se encontrar "pessoas em abandono" com endereço fixo - seja em palácios, em barracos ou apartamentos de classe média. Inversamente, há casos em que o morador de rua não é uma "pessoa em abandono" coisíssima nenhuma. Ao contrário, ele é que abandonou o mundo (a família, o emprego, etc.) e sua insanidade. Ele escolheu viver à margem. Na perspectiva dele, quem está abandonado à sua própria sorte é o mundo.

Pode-se objetar, é claro, que o "abandono" não é apenas subjetivo, mas diz respeito ao desamparo material em que o morador de rua se encontra. Ora, nesse caso é que a expressão não se sustenta por um minuto sequer. Um trabalhador sem plano de saúde não seria uma "pessoa em abandono"?



Comecei a escrever um poema sobre tudo isso, mas a poesia soçobrou e só sobrou isto:


Rua

Coisa pública, exposta, arreganhada aos
transportes das gentes e dos bichos que
passam, úmidos e sedentos, em busca
do que passe em suas veias abertas.





7.9.04

Dois testemunhos sobre o hip-hop norte-americano

A cultura é uma arma. Como uma espada de dois gumes, a cultura pode ser manipulada para que nós, os oprimidos, ganhemos a batalha da autodeterminação ou para que nossos opressores nos mantenham escravizados. Originalmente o hip-hop era uma fonte de força em nossa comunidade. Criado nas ruas por jovens comuns, ele desafiou o status quo. A partir de praticamente nada - nenhum dinheiro, nenhum instrumento musical, nenhum conglomerado multinacional ou conexões políticas - ele emergiu como uma força cultural internacional. O hip-hop exemplificava a criatividade inata, a consciência social e a autodeterminação de nossa gente. Ele era a voz de nossa resistência. Agora que o hip-hop é totalmente controlado por grandes corporações internacionais, os "artistas" promovidos pelos empresários do setor refletem uma criminalidade mesquinha e superficial e um materialismo individualista e vulgar que desgasta nossa luta coletiva.

Amadi Ajamu, escritor norte-americano

A música negra era a mais inspiradora do mundo, mas agora se transformou na mais destrutiva do planeta.

Brian Hargrove, diretor musical do Public Enemy


Fontes:

Matéria de Alejandra Villasmil no UOL Música

Uma análise da liderança de Russell Simmons, artigo de Amadi Ajamu (em inglês)




King Crimson: 21st Century Schizoid Man (Fripp/Sinfield/McDonald/Lake/Giles)

Cat's foot iron claw
Neuro-surgeons scream for more
At paranoia's poison door
Twenty first century schizoid man.

Blood rack barbed wire
Politicians' funeral pyre
Innocents raped with napalm fire
Twenty first century schizoid man.

Death seed blind man's greed
Poets' starving children bleed
Nothing he's got he really needs
Twenty first century schizoid man.


record




5.9.04

A woman grieves over the body of her child killed when Russian troops stormed a school seized by gunmen in the town of Beslan, in the province of North Ossetia near Chechnya. September 3, 2004




3.9.04

Intensificar a vida

Que bom ser "bedelhado" de maneira tão gentil. Quanto aos "super capitalistas", eu diria o seguinte. Quando escrevemos ou dizemos alguma coisa, não podemos impedir que os outros se apropriem do nosso discurso e o "usem" para seus próprios fins. Eu não posso (nem quero), por exemplo, impedir que um guru (ou um "antiguru") se aproprie do que eu digo. Do mesmo modo, não posso impedir que outras pessoas façam suas comparações e analogias. Tudo o que posso fazer é marcar a minha diferença: para mim, o lucro não é a finalidade da vida. Aliás, nem mesmo estou certo de que o lucro deva ser a finalidade das empresas, talvez um outro modelo fosse possível, talvez fosse possível conciliar iniciativa privada e aquilo que eu creio ser o (simulacro de) sentido e finalidade da vida: intensificar a própria vida. Seria possível, por exemplo, fazer coincidir produção social e produção desejante? É por isso que as idéias e o trabalho de Ricardo Semler me chamam a atenção. Ele é um homem de entendimento em meio aos inumeráveis brucutus do mercado.

Mas intensificar a vida, fazê-la escorrer "sob o signo da verdadeira magia", nós sequer temos idéia do que seja isso. Estamos ocupados demais tentando preencher nossas faltas, imaginárias ou não, tentando saciar nossa sede de reconhecimento simbólico (ou nossa fome) para ter idéia, ou melhor, para ter um mero pressentimento do que a vida poderia ser.




30.8.04

Entender a vida

A grossa maioria das pessoas intelectualizadas que conheci até hoje pensa que o trabalho do entendimento se resume à compreensão daquilo que está nos livros. Cada qual encontra no "seu" livro ou no "seu" pensador predileto a "sua" doutrina, a sua "verdade", que passa a ser o alfa e o ômega da própria realidade. (Calma, direi mais à frente o que entendo pela palavra "realidade".) Para estes, interpretar a realidade é forçá-la a adequar-se aos seus conceitos, ou seja, julgar. Independentemente de sua erudição ou de sua capacidade intelectual, são todos crentes - ou, em linguagem filosófica, dogmáticos.

Uma pequena minoria dos chamados intelectuais é bem mais inteligente e flexível, mas às custas de sacrificar a própria possibilidade do entendimento. Eles são ligeiros, e mesmo divertidos, mas apenas porque para eles não há absolutamente nada a entender, e o pensamento não passa de um divertido jogo de palavras. Esses são os céticos. Mas para eles, muitas vezes, o próprio ceticismo é um dogma e ainda uma prisão.

Ainda que só possamos compreender a realidade por meio de conceitos, entender a realidade não é entender conceitos. Os conceitos são os óculos ou as lunetas de que nos servimos para enxergar a realidade, mas entender a realidade - entender o devir, as singularidades - é ser capaz de inventar uma nova compreensão para cada nova realidade com que nos deparamos. Pode-se dizer do pensamento exatamente a mesma coisa que Bergson disse sobre o tempo: ou ele é invenção ou não é nada. Mas nós preferimos repetir nossos mestres a entrar nessa aventura que se confunde com a mais alta aventura da vida.

Mandar os próprios mestres à merda (por melhores que sejam e sobretudo se são ou foram os melhores) é a única maneira de honrá-los. Contentar-se em repetir o que eles disseram (ao invés de fazer o que eles fizeram) equivale a congelar em fórmulas aquilo que deveria ser fogo em estado puro.

Percebem? O que está em questão aqui não é a teoria do conhecimento, mas a ética.




19.8.04


Num relógio é quatro e vinte,
no outro é quatro e meia:
é que de um relógio pra outro
as hora vareia


A EMI lançou pela série "BIS" (e está vendendo a preço de camelô) um CD duplo com uma coletânea do extraordinário Adoniran Barbosa. Na verdade esse CD é quase idêntico aos dois CDs lançados em 1999 na série "Meus Momentos". Infelizmente, porém, ele é "quase idêntico" por estranhas razões.

Claro, existem as diferenças de repertório. No CD "Meus momentos" havia 31 músicas, nesse há apenas 28. Quatro músicas que estão no CD "Meus momentos" (Vila Esperança, Não quero entrar, Pafunça e No morro do Piolho) estão ausentes no CD "BIS"; em compensação, este traz Nóis viemos aqui pra quê?, ausente naquele.

Mas o mais estranho é que quase todas as músicas no CD "BIS" tem um ou dois segundos a menos. Para tirar as dúvidas, fiz cópias digitais dos quatro CDs com o EAC e comparei todas as faixas comuns aos dois lançamentos. Para resumir a conversa, algumas faixas do CD "BIS" foram editadas e perderam um segundinho final por meio de um "fade out". O caso mais estranho é o de Triste Margarida (samba do metrô) - aliás, uma das raras faixas cujo tamanho coincide em ambos os CDs: exatos 26.972.780 bytes. E, no entanto, na edição "BIS" não se ouve Adoniran pronunciar a última palavra ("margarida").

Para quem duvida do que estou dizendo e quer um exemplo rápido (e contundente) desse gênero de "manipulação sonora", recomendo a audição da faixa Nóis viemos aqui pra quê?, que está no CD "BIS", e sua comparação com aquela saiu no CD "Adoniran Barbosa", produzido em 2002 pela Som Livre. Trata-se da mesmíssima gravação, e é muito fácil verificar que o final da faixa publicada pela Som Livre foi mutilado. Matematicamente falando, faltam ali 366.912 bytes.

Eu não ignoro que as gravadoras podem invocar razões artísticas para fazer essas edições. Aliás, eu não sou platônico e portanto não sou partidário das "purezas do original". No entanto, uma vez que essas canções são um "patrimônio imaterial" da cultura brasileira, eu adoraria ver nos CDs uma indicação clara de que as músicas foram manipuladas, ou seja, de que elas não são idênticas às faixas originais. Se as coisas fossem feitas assim, de maneira transparente, eu poderia escolher que versão levar para casa. Mas, ao contrário, o que mais se vê são encartes sem nenhuma informação e encartes com informações errôneas e/ou incompletas. Creio que já está mais do que na hora de ver a cultura brasileira receber o respeito que merece, e não estou pedindo aqui encartes luxuosos, estou pedindo apenas o básico: informação de qualidade sobre o material sonoro publicado. Isso não acarreta nenhum custo adicional e, como dizem os homens de cinza, "agrega um valor" enorme ao produto final.

Enquanto isso não acontecer, as gravadoras continuarão merecendo ouvir de nós estes versinhos do grande Adoniran:

Pafunça, que pena, Pafunça,
que a nossa amizade virou bagunça.






Rapidinhas

- A nota de 27 de julho (sobre a conferência de Humberto Maturana e Ximena Dávila) foi publicada no site do Instituto Matríztico no dia seguinte. Eu nem ia mencionar isso aqui, mas já cansei de trabalhar pela minha própria obscuridade. E se vocês acharem que isto é marketing pessoal, o problema é todo de vocês: pensem o que quiserem. Eu fiquei contente (e compreensivelmente orgulhoso) com essa publicação, punto.

- Um JVC UX-J50 (120 watts RMS) acaba de entrar na minha vida. Isso pode não parecer digno de nota, e talvez realmente não seja, mas para quem estava com a mesma (e sofrível) aparelhagem de som há quinze anos, é uma notícia e tanto. Detalhe: eu já não ouço rádio há quatorze anos. Foi a primeira coisa que pifou.

- Lamento, mas este blogue vai morrer. Para ser mais preciso, ele vai ser congelado e outro blogue (com um novo endereço) vai tomar o seu lugar. Ainda tenho algumas notas a publicar nele, mas dentro de dois ou três meses a mudança vai acontecer. Aliás, estou considerando a hipótese de transformar o próprio site (caosmos.com) numa biblioteca virtual e construir um novo site que tomará o seu lugar. Trata-se, digamos, de uma reformulação conceitual. Aguardem.

- O Blogger.com abriu para os seus usuários a possibilidade de hospedar imagens. E ontem descobri, bastante surpreso, que eles também substituíram o velho banner com anúncios por uma discreta e elegante barra de navegação. Enquanto outros serviços só mudam para pior, o Blogger.com vai na contramão e fica cada vez melhor. É por isso que eu digo - agora publicamente - e repito quantas vezes for necessário: eu amo o Blogger e amo o Google. Longa vida para eles.




17.8.04

caôs malignos

Nem todos os caôs afirmam a vida e nem todo caozeiro é Picasso. Quem ainda não leu (n'O Globo de sexta-feira passada) a reportagem "Os e-mails não justificam os fins", de Carla Rocha, poderá comprová-lo facilmente com um simples clique no rato.




7.8.04

egoclastia

eu : nada mais que um resto
dos restos que experimento.

dom

Quem se poupa
não morde a polpa.




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